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Os dados do Censo Escolar da Educação Básica 2023, divulgados na última semana pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que, em relação ao ano anterior, houve uma ampliação de 4,7% das matrículas em escolas privadas (cerca de 423 mil novos alunos). Já a rede pública encolheu: houve uma redução de mais de 500 mil alunos nesse período.

Para Ivan Gontijo, gerente de políticas educacionais da ONG Todos Pela Educaçãoque aconteceu foi o seguinte: esses estudantes que entraram nas escolas particulares em 2023 tinham migrado para as públicas em 2020-2021, durante a crise financeira na pandemia de Covid-19. Agora, os familiares voltaram a poder pagar as mensalidades.

Para Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Cenpec (ONG que atua com projetos focados na educação pública), a retomada do crescimento da rede privada de educação só reforça a importância da educação pública de qualidade.

“A escola pública tem qualidade, o grande desafio é fazer com que essa qualidade seja igual para todo mundo.”

O panorama contou ainda com dados da “Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2016-2023 (PNAD)”, realizada pelo IBGE. Os dados mostram que 8,8 milhões de brasileiros de 18 a 29 anos não terminaram o ensino médio e não frequentam nenhuma instituição de educação básica, segundo informações coletas pela PNAD Contínua. Considerando todas as faixas etárias, são 68.036.330 cidadãos sem a escolarização básica no país.

Segundo resultados do Censo Escolar, os seguintes fatores sinalizam um alerta para que brasileiros continuem fora da escola:

✏️Na EJA, o número de adultos matriculados caiu 7% de 2022 a 2023.

✏️O ensino médio é “campeão” de evasão escolar, afirma o ministro da Educação, Camilo Santana. De acordo com o Censo, de 2020 a 2021, 7% dos alunos do 1º ano desistiram dos estudos e 4,1% foram reprovados.

✏️Segundo os especialistas, a reprovação é um dos fatores que levam o aluno a abandonar a educação básica. Em 2022, após o fim das políticas de aprovação automática adotadas por estados na pandemia, os índices de retenção voltaram a crescer. Nos anos finais do ensino fundamental (5º ao 9º ano), 7,9% dos estudantes foram reprovados, e no ensino médio, 13,4%.

✏️Em 2023, no 6º ano do ensino fundamental, 15,8% dos estudantes não tinham a idade adequada (porque foram reprovados, por exemplo, ou porque abandonaram o colégio em algum período). Esse é mais um fator que pode aumentar o risco de, futuramente, o jovem interromper os estudos.

“Não queremos deixar ninguém para trás. Queremos reverter a tendência de o jovem precisar ir para a EJA lá na frente”, disse Camilo Santana, ministro da Educação. Ele reforçou que esse é o objetivo do Programa Pé-de-Meia, que dará um incentivo financeiro para os alunos de baixa renda que estiverem matriculados no colégio.

Para Gontijo, a necessidade de ingressar no mercado de trabalho, a estrutura defasada do “antigo” ensino médio e as lacunas de aprendizagem são outros fatores que levam o jovem a sair precocemente da escola.

“A discussão de por que abandonaram os estudos tem muita a ver com a experiência que tiveram no colégio. As taxas de evasão são maiores no 1º ano, exatamente quando o aluno começa outro ciclo e encontra mais disciplinas, mais professores e um currículo muito grande. O novo ensino médio [já em vigor] tem muitos problemas e precisa ser ‘reformado’, mas é importante que essa flexibilidade curricular seja mantida”, afirmou.

🧑‍🏫A educação em tempo integral, uma das apostas do governo Lula para diminuir os índices de desistência, registrou um aumento no percentual de matrículas no ensino médio: de 20,4% para 21,9% na rede pública e de 9,1% para 11% na rede privada. Na média geral, 1 a cada 5 alunos brasileiros do ensino médio estuda em tempo integral.

“Todos os estudos e evidências já mostraram que uma escola de tempo integral que amplie o projeto de vida do aluno – que tenha apoio psicológico e na área esportiva – é uma escola que diminui abandono e evasão”, afirmou o ministro.

Com informações do Portal G1.
Foto: Ana Clara Alves/G1.

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